Pular para o conteúdo principal

CONSIDERAÇÕES POR TAIASMIN OHNMACHT

https://soundcloud.com/nonada-3/consideracoes-por-taiasmin-ohnmacht

Por Priscila Pasko
A autora criou a sua primeira poesia aos dez anos de idade. Mas foi quando Taiasmin começou a se interessar de fato pela escrita literária que ela optou pela prosa. “Eu não produzo poesia para ser literatura. Por outro lado, eu faço esta busca na prosa”, diz. Em 2012, Taiasmin publicou três contos em uma coletânea, resultado de uma oficina literária com o escritor Alcy Cheuiche. Em 2016, em parceria com Carlos Alberto Soares, lançou o livro Ela conta, ele canta (Cidadela, 2016), no qual ela escreveu contos, e Soares, os poemas. No momento, Taiasmin está trabalhando no projeto de seu primeiro romance.

Foi a poeta e professora Ana dos Santos quem me apresentou algumas prosadoras negras gaúchas – resultado de uma pesquisa empírica e intensa que ela fez. Uma delas é Maria Helena Vargas da Silveira (1940-2009), romancista, contista, cronista e poeta, natural da cidade de Pelotas, no Sul do Estado. A autora, que também foi educadora e ativista da valorização da cultura negra, denuncia em suas obras o preconceito racial. Maria Helena publicou cerca de 12 títulos, entre eles É fogo (1987), O sol de fevereiro (1991), Negrada (1994), As filhas das lavadeiras (2002) e Helena do Sul (2007).

 Princesa Violeta, de Veralinda Menezes
Princesa Violeta, de Veralinda Menezes
Veralinda Menezes foi outra escritora citada por Ana. “Veralinda escreveu um livro que eu considero revolucionário dentro da literatura juvenil afro-brasileira, por quebrar o padrão das princesas”, explica Ana. Ela se refere ao livro Princesa Violeta, lançado em 2008, que conta a história de uma princesa que sofre ao descobrir que seu pai preferia ter um filho homem. Então, com ajuda de um apaixonado, ela se prepara, transformando-se em uma guerreira. A primeira edição foi independente, a segunda e terceira foram lançadas pela Editora dos Príncipes Negros, que também publicou outra obra de Veralinda, Lilinda, minha amiga rosinha (2009).

A poeta Lilian Rocha menciona o nome da romancista e também poeta Maria do Carmo dos Santos, natural de Cruz Alta (RS) e que atualmente reside em Florianópolis (SC). Tem em seu currículo o livro de poesia Coisa de negro (1988), o infantil O sonho de Benedito (2003) e, com sua filha Dandara Yemisi dos Santos, o romance Século XIX, Uma história recuperada, este lançado em 2012.

A proposta desta reportagem, em sua origem, era bastante simples e objetiva: falar sobre as escritoras contemporâneas negras gaúchas. Contudo, infelizmente, em se tratando de mulheres escritoras – e escritoras negras – quase nada se mostra tão revelador, justamente porque durante muito tempo o cânone literário tentou esconder seus nomes, obras, talento e história. Posso encerrar a reportagem sem muitas respostas, mas, ao menos, já sei quais perguntas devem ser feitas.

Durante as conversas, as entrevistadas citaram nomes de poetas negras gaúchas, como Delma Gonçalves, Isabete Fagundes Almeida, Fátima Farias e Pâmela Amaro

– A historiadora Camila Petró concedeu as imagens do Cadernos literários 6 (Edição Caravela), publicado em 1982, pelo do Instituto Cultural Português. Ali constam poemas da poeta Alsina Alves de Lima. São mencionadas outras três escritoras negras (poetas e cronistas) no Cadernos Literários 19 – Poetas Negros do Brasil, uma homenagem do Departamento de Assuntos Africanos-Instituto Cultural Português, de Porto Alegre, publicado em julho de 1983. Nele, entre as constam poemas de Gloria Terra (1962), Mirna Rodrigues Pereira (1955) e Naiara Rodrigues Silveira (1969).

Agradeço o apoio, os esclarecimentos de todos os entrevistados e aqueles que, de alguma forma me auxiliaram na produção desta matéria: as pistas e conversas apontadas por vocês foram fundamentais. Fernanda Oliveira, Camila Petró, Matheus Marçal, Jeferson Tenório, Alfeu Sparemberger, Vitor Diel, Nonada (Rafael Gloria e Thaís Seganfredo), muito obrigada. 

Fonte consultada:
http://www.nonada.com.br/2017/03/por-que-nao-conhecemos-as-escritoras-negras-gauchas/
 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POR ONDE ANDA A PROSA NEGRA GAÚCHA?

Século XIX, uma história recuperada Durante os meses em que produzi esta reportagem, todas as escritoras negras com quem conversei eram poetas. Foi então que, de imediato, surgiu outra dúvida: quem são e onde estão as prosadoras negras gaúchas? Elas existem, porém são raras – não apenas no Rio Grande do Sul – e praticamente desconhecidas do mecado editorial, da crítica e da academia. Daniela Santos da Silva, do Projeto Aruanda, da Feevale, diz que não há como pensar a produção artística da mulher negra sem considerar a sua trajetória histórica e as suas condições de existência na sociedade atual. A herança escravocrata, explica Daniela, é evidente no trabalho doméstico, especificamente: a maioria das empregadas domésticas brasileiras são negras e, dentre essas profissionais, a branca recebeu um salário quase 20%  maior. Além disso, Daniela esclarece que grande parte das mulheres negras é chefe de família, que cuidam e sustentam sozinhas os filhos. “Qu...

CAROL TEIXEIRA

Carol Teixeir a Carioca que cresceu no RS, Carol é filósofa, escritora, autora de peças de teatro, DJ, cantora e apresentadora. Acaba de estrear em romance com o livro  Bitch, que contaa história de uma mulher em busca de autoconhecimento com altas doses de erotismo. Carol já publicou também as coletâneas de crônicas e contos De Abismos e Vertigen s (2004) e Verdades & Mentiras (2006). Em suas obras, busca perturbar o leitor: “Arte, para mim, é deslocamento. O artista precisa deslocar o leitor, tirá-lo de sua zona de conforto”, disse em entrevista à revista Donna.