Poeta gaúcha Lilian Rocha
Por Priscila Pasko
Fotos: Maia Rubim e Lidiane Bach
Fotos: Maia Rubim e Lidiane Bach
A poeta Lilian Rocha
foi a primeira entrevistada com quem me encontrei. Ela pontuou que
existem, sim, muitas mulheres negras escrevendo, no entanto, um dos
motivos de parte delas não publicar está no bolso. “A questão da
publicação – não só das mulheres negras, mas principalmente – delibera
dinheiro, o que muitas vezes essas escritoras não possuem”, explica.
Sendo assim, a divulgação do trabalho
das poetas concentra-se na oralidade, ou seja, em espaços culturais e
em eventos nos quais as mulheres negras produzem. “A maioria não tem
nada publicado. Guarda em seu caderninho, em sua agenda, exibe em clubes
sociais negros”, comenta Lilian, que participa ativamente do Sopapo Poético - Ponto Negro da Poesia, sarau promovido mensalmente em Porto Alegre. Além de integrar diversas antologias, Lilian publicou A vida pulsa (Editora Alternativa, 2013) e Negra Soul (Editora Alternativa, 2016).
Mesmo que a escritora consiga lançar
um livro, ela encontrará outros entraves. Lilian diz que, para vender, é
preciso que a obra esteja disponível em uma livraria – considerando que
não são todas que manifestam interesse na literatura de autoria negra.
“E, se tiver, geralmente [o livro] está lá atrás. O vendedor nem sabe
onde é a prateleira da literatura negra ou se existe aquele escritor.
Até conseguimos escrever, mas como vender a obra?”, indaga Lilian.
Aliás, a busca de táticas para
promover nas livrarias a literatura de autoria negra é um assunto
recorrente entre os escritores deste grupo. Deve-se catalogar ou
destinar um espaço entre as prateleiras da loja? Os livreiros conhecem
tal definição? O poeta, músico e crítico literário Ronald Augusto,
por exemplo, é simpático à denominação “vertente negra da literatura
brasileira”. De qualquer forma, para ele, o empecilho se traduz na
dificuldade em se aceitar o preconceito e de não saber lidar com isso.
“O problema não é o livro. Eles não sabem é onde colocar o negro na
cultura e na sociedade brasileira”, analisa Ronald, parafraseando o
geógrafo Milton Santos.
https://soundcloud.com/nonada-3
https://soundcloud.com/nonada-3/poesia-negra-por-lilian-rocha
Comentários
Postar um comentário